terça-feira, 23 de março de 2010

Carta para os alunos da 4ª série da tarde.

Pessoal, leiam a carta que a professora Cláudia, minha xará, que dá aulas de religião e história a partir da 5ª série, escreveu para vocês.Eu achei muito legal.

Aos Queridos Alunos da Escola Anne Frank

Hoje, olhando para vocês, lembrei-me do tempo em que também era aluna do Anne Frank. Foi há muito tempo atrás... 40 anos!
Isso mesmo, 40 anos atrás, quando a Escola foi inaugurada.
Lembro, como se fosse hoje, minha mãe dizendo:
- “Olha, hoje nós vamos ao colégio fazer tua matrícula para a 1ª série.”
Fiquei muito feliz, pois estava acompanhando a construção da Escola e esperando ansiosa o dia em que iria aprender a ler e escrever. Eu era muito pequena e achava que, assim, viraria gente grande.
Adorei a Escola, a professora Magaly e os meus colegas de aula. Não faltava um dia de aula, por nada nesse mundo. Ia de mão dada com meu coleguinha Virgílio, que, por ser um ano mais velho do que eu, estava encarregado de me proteger. Morávamos na Rua Santo Antônio, lá em cima, quase na Independência.
A Travessa Cauduro (como era chamada na época) era mais ou menos um beco. Os prédios estavam sendo construídos. A Escola era bem pequena. Chamava-se Grupo Escolar Anne Frank e só tinha até a 5ª série.
Minhas irmãs também estudaram lá. A Caroli fazia parte da Banda da Escola. Tocava um instrumento chamado triângulo e usava um uniforme muito lindo: uma sainha branca, um casaco vermelho com botões dourados e um chapéu com penacho e correntinha. Fazia o maior sucesso.
Minha irmã mais nova, a Susi, só fez o Jardim de Infância, mas foi considerada a “Mis Cheirinho” da sala, pois descobria de olhos vendados os diferentes cheiros que a professora apresen-tava nas “experiências científicas”.
A Escola era bem diferente. Onde hoje tem a Sala dos Professores era o Refeitório. Na atual Sala da Direção funcionava a Biblioteca. No lugar da Sala de Vídeo e da Biblioteca tinha as salas de aula do Jardim. As salas em frente ao banheiro não existiam, ali era um pátio interno para fazer recreio nos dias de chuva.
O pátio era enorme porque não existia o prédio do Currículo. Não tinha nem muro; ao redor da Escola tinha cerca de arame que fazia divisa com um terreno baldio onde hoje passa a Rua Vasco da Gama.
Um dia, na 2ª série, a professora ensinou as datas até o ano 2000. Foi o máximo! Eu e minhas amiguinhas ficamos muitos recreios sonhando em como estaríamos no ano 2000. Certamente nós estaríamos muito velhas... entre 39 e 40 anos.
Mas...
Pasmem! No ano 2000 eu estava aonde?? Aonde mesmo??
Dando aulas no Anne Frank. Nas mesmas salas em que fiz o Primário.
Foi um tempo muito feliz. Tempo em que se aprende coisas novas todos os dias; tempo em que se tem tempo para rir; tempo em que é fácil fazer amizades; tempo que deve ser aproveitado a cada minuto com coisas boas que nos transformem em adultos sadios, felizes, cultos, bons cidadãos.
Aliás, é isso que eu tento passar para meus alunos, nas aulas, quando digo que a História não é o passado morto, mas sim, a compreensão dos fatos que fazem o presente ser o que é.
E, quando todos vocês realmente compreenderem o presente, terão condições de construí-rem juntos um futuro maravilhoso, justo, digno, feliz, organizado, sem as diferenças sociais que tanto nos maltratam.
É isso que eu desejo a vocês e, contribuindo para que isso se realize, eu vou ser
a cada dia mais exigente nas minhas aulas. Espero vocês na quinta série!
Um abraço e um beijo.

Com carinho Profª Claudia Marina Marcon

Um comentário:

  1. ADOREI a carta!e agora mesmo estou me perguntando...o que será que estarei fazendo daqui a 40 anos!!!!BEIJOS Mariana.

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